sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Casas assaltadas ganham mais destaque que assassinatos

O Escritório Central de Estatísticas divulgou nesta semana relatório sobre crimes cometidos na Irlanda durante setembro de 2008 e setembro de 2009. Esse foi um dos assuntos da semana na mídia. Para se ter uma ideia do nível de criminalidade, a informação que ganhou mais destaque foi o aumento de 26% no número de casas assaltadas.

Já os assassinatos – informação que é, digamos, naturalmente destacada em matérias desse tipo no Brasil –chegaram a 59, seis a mais em relação ao mesmo período da pesquisa anterior. Numa busca rápida, vi que foram registrados 157 assassinatos na Grande Florianópolis em 2007 e 4.694 na cidade do Rio nos dez primeiros meses de 2008.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Virgem Maria vai aparecer na Irlanda no sábado

A matéria sobre um dublinense que está prevendo a aparição da Virgem Maria para sábado, às 15:00, na basílica de Knock, no interior da Irlanda, é a mais lida do site do Irish Times na noite de hoje. A matéria traz declarações de um arcebispo que condena a previsão e de um sociólogo que tenta explicar o interesse das pessoas pelo assunto. Mas as melhores declarações são, claro, do próprio profeta:
(...) "Nossa Senhora está nos dizendo para voltar para a igreja. Milhares de pessoas estão rezando, chorando e chamando por ela. Eles querem apenas se agarrar a algo porque o governo não está lhes dando nada."

(...) "Ela vai abalar as fundações da igreja se as pessoas não a escutarem. (...) E os portões do céu serão fechados". Como ela fará isso? "Ela disse que fará, eu não sei como ela fará, mas ela está zangada".

(...) "Eu acho que o arcebispo nunca viu a Sagrada Mãe, porque ele se esconde atrás das portas da grande casa onde vive".

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

La irlandesa que fez história no Paraguai

O post de ontem me lembrou da resenha do Irish Times sobre a biografia The Lives of Eliza Linch, de Michael Lillis e Ronan Faning. Conhecida como "Rainha do Paraguai" e também como La Irlandesa, Eliza foi uma das amantes do ditador Francisco Solano López, com quem teve sete filhos. No fim da Guerra do Paraguai, Solano a fez a única beneficiária do seu testamento.

Segundo os autores, o objetivo da biografia é resgatar a verdadeira história de Eliza e recuperar sua imagem, uma vez que em livros anteriores, incluindo obras de ficção, ela foi retratada como ladra, prostituta, torturadora e assassina.

O certo, dizem, é que ela sabia se valer de sua beleza, tinha grande instinto de sobrevivência e pouco se importava com a situação geral do povo paraguaio ou com as origens das riquezas que obteve após a morte de Solano López. Nada que justificasse, portanto, o ato do ditador Augusto Stroessner, que em 1961 a proclamou heroína nacional.
(...) Eliza, tenho recebido grandes quantias de López durante o relacionamento deles, adquiriu vastas extensões de terra durante a guerra. Ela também enviou dinheiro para fora do país para mantê-lo a salvo.

Após a morte de López e do filho mais velho deles, ela evitou ser estuprada pelas vitoriosas tropas brasileiras. Ela também conseguiu negociar sua libertação e a de seus filhos restantes ao reivindicar sua cidadania britânica.

Seus últimos anos de vida foram gastos na Europa brigando na justiça para obter o dinheiro de López depositado no Banco da Inglaterra e tentando tomar posse de suas terras no Paraguai. (...)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

As mulheres na Irlanda e as duas presidentas

A Irlanda se manteve em oitavo lugar na mais recente lista do Fórum Econômico Mundial sobre os países de maior igualdade entre os sexos. Divulgada nesta terça-feira, a lista inclui 134 países e leva em conta a participação das mulheres na economia, educação, política, etc.

Um dos itens de pior desempenho é o de número de representantes mulheres no parlamento, no qual a Irlanda aparece na 84ª posição. Por outro lado, o país fica em segundo quando se considera o número de anos com uma mulher como chefe de Estado. A presidência da Irlanda é ocupada por mulheres desde 1990.

A atual presidente, Mary McAleese, assumiu em novembro de 1997. Ela foi a primeira mulher na história a suceder outra mulher. A anterior, Mary Robinson, foi presidente de 1990 a 1997. No entanto, a Irlanda, cujo sistema é parlamentarista, nunca teve uma mulher como primeiro-ministro.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Um pouco sobre a tevê na Irlanda

A RTÉ (sigla para o gaélico Raidió Teilifís Éireann – Rádio e Televisão da Irlanda) é um serviço público de telecomunicações semelhante ao da britânica BBC. São mais de uma dezena de rádios e três canais de televisão: RTÉ1, RTÉ2 e o canal gaélico TG4. Os três juntos detêm cerca de 35% da audiência de televisão na Irlanda.

Individualmente, o canal RTÉ1 é o mais popular do país, com 22,1% da audiência, de acordo com dados de julho deste ano. Em seguida vêm os canais TV3 (12,2%), RTÉ2 (9,9%) e BBC1 Irlanda do Norte (5,7%).

Mais da metade da população assina redes a cabo ou por satélite. Grande parte das dezenas de canais disponíveis é produzida por pesos pesados britânicos. A Sky, por exemplo, conta com uma série de canais de filmes e esportes, enquanto a BBC tem quatro opções de entretenimento (BBC1, 2, 3 e 4), dois de notícias (BBC News e BBC World) e dois infantis (CBCC e CBeebies).

Essa grande oferta de canais britânicos vira até chacota. Uma vez um cliente do supermercado reclamou que o jornal que tinha comprado não trazia a programação de tevê local. "Aqui só tem Sky, MTV e fucking BBC6."

Contrariando a tendência, aqui em casa os canais mais assistidos talvez sejam a BBC4, por causa dos documentários (como o da última sexta-feira sobre Josephine Baker), o E4, por causa de Friends, e os canais de notícias da BBC. E entre os canais irlandeses, o TG4, o canal gaélico com legendas em inglês.

sábado, 24 de outubro de 2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A casa no campo e o contrabando de tecnologia ao Irã

De uma casa em Sligo, na zona rural da Irlanda, os irlandeses Thomas McGuinn, de 70 anos, e seu filho Sean, de 40, coordenaram uma rede internacional de contrabando que vendeu milhões de euros em engenharia militar para o Irã. Segundo matéria do Sunday Times, a empresa criada pelos McGuinn, a Mac Aviation, comprou motores de helicópteros da companhia britânica Rolls-Royce e os vendeu a Hossein Ali Khoshnevisrad, um empresário iraniano baseado em Teerã. Os McGuinn usavam nomes falsos para dar a impressão que a companhia tinha vários empregados. Abaixo, os dois primeiros parágrafos da matéria:
Algum tempo atrás a Rolls-Royce enviou um representante para visitar uma companhia de aviação em Sligo com a qual estivera fazendo negócios. Embora os escritórios da Mac Aviation estivessem localizados na rural Sligo, a Rolls-Royce acreditava que a empresa fosse uma operadora internacional com centenas de profissionais.

O que se conta é que o representante ficou sem palavras quando chegou ao QG da companhia. Com idílicas vistas para os campos de Sligo na parte da frente, e para a montanha Ben Bulben na parte de trás, a casa nos limites da vila de Drumcliffe era uma improvável base para uma companhia envolvida na venda de tecnologia militar ao Irã, desafiando sanções internacionais. (...)
Os McGuinn foram indiciados em março pelo governo dos Estados Unidos por violação de sanções comerciais e podem pegar 20 anos de prisão. Mas eles precisam primeiro ser extraditados, o que, diz a matéria, "não é certo que uma corte irlandesa concordaria".

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Paddy e Biddy estão em via de extinção no Reino Unido

Tradicionais nomes irlandeses, tais como Patrick (Paddy) e Bridget (Biddy), estão se tornando cada vez menos comuns entre a comunidade irlandesa do Reino Unido, segundo estudo divulgado hoje por uma universidade britânica. Por outro lado, o número de nomes de origem protestante tem aumentado. O motivo, dizem os pesquisadores, é evitar discriminação.

Patrick era o nome de 11% dos imigrantes que, fugindo da Grande Fome, trocaram a Irlanda por Inglaterra e País de Gales na segunda metade do século 19. Entre as mulheres, 9% eram chamadas Bridget. Já na lista dos nomes mais populares de 2008, William e George aparecem em 10º e 12º respectivamente, enquanto Patrick e Bridget não estão nem entre os 100 primeiros.
(...) Donald MacRaild, co-autor da pesquisa, disse: "Existe ampla evidência histórica da difícil e frequentemente hostil situação que muitos irlandeses se depararam em solo britânico como imigrantes escapando da Grande Fome".
As informações são do Irish Independent.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Contra? Fale agora ou cale-se para sempre

Yasmine Rodriguez e Colin Murray foram casados no dia 30 de maio pelo padre Udoji na igreja da arquidiocese de San Donato, em Terricciola, uma pequena vila no noroeste da Toscana. A noiva foi acompanhada por Maura Byrne, de Shropshire, Inglaterra; a música durante a cerimônia ficou a cargo do coral gospel local e da mãe do noivo, Marcella Murray, que cantou o hino irlandês Mo ghrá Thú, a Thiarna.

Yasmine é de Curitiba, sul do Brasil, e é a única filha de Cida e José Rodriguez. Grande fã do U2, ela se mudou para a Irlanda em 1996 para estudar ciências sociais na UCD e atualmente trabalha como diretora de operações na Ovation, uma companhia de gerenciamento de destinos globais em Dún Laoghaire (sul de Dublin), onde ela mora há oito anos.

Colin tem quatro irmãos e é de Carrick-on-Shannon, condado de Leitrim. Ele veio para Dublin em 1997 para estudar ciência da computação na DIT, onde ele agora trabalha como administrador de sistemas. Colin é também um rosto conhecido na cena musical de Dublin, tocando em pubs praticamente toda semana. Foi em uma dessas apresentações que o casal se conheceu, em julho de 2003. (...)
O Irish Times publica as crônicas de casamento da seção Votos nas edições de fim de semana. São geralmente duas páginas, com duas ou três crônicas e fotos dos noivos, às vezes acompanhados de parentes ou amigos. Pelas crônicas se percebe que casamentos fora do país são relativamente comuns. Pelo menos entre os que podem arcar com a conta. Mas mesmo quem casa "em casa" capricha na pompa.

Hoje à tarde, por exemplo, vi no meu bairro, que é dos mais pobres da cidade, uma carruagem de Cinderela. Era arredondada, toda de vidro, com detalhes em branco, dois senhores de cartola e dois grandes cavalos brancos. Através do vidro via-se perfeitamente a noiva e outro senhor de cartola, supostamente o pai. Logo atrás vinha uma limosine pelo menos duas vezes mais longa que a van que eu dirijo.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Tatuador de oito anos é o mais jovem da Irlanda

Callan Cummins, de oito anos, é o tatuador mais jovem da Irlanda. Os primeiros desenhos foram feitos nas pernas e pés do pai quando o garoto tinha quatro anos. Phil, o pai, é dono do Original Skin Tattoo, um bem-sucedido estúdio de tatuagem à mão livre na cidade de Cobh, sudeste da Irlanda. "Ele cresceu me vendo trabalhar", disse Phil, que é coberto por tatuagens tribais. Callan tatua sob a supervisão de um profissional do estúdio. O pai proibiu o garoto de ter tatuagens antes dos 18 anos.
(...) "Não há idade mínima legal para se ter tatuagens na Irlanda", disse Phil. "Mas porque (18 anos) é a idade legal da maioridade eu acho que ele deveria esperar até lá – assim ele pode tomar a decisão por si mesmo."
As informações são do tablóide Irish Daily Star. Na foto, o garoto, as tatuagens, a família e, claro, os trocadilhos.

Aqui no bairro é bastante comum ver tatuados e tatuadas com 50 anos ou mais. Muitos com tatuagens nas mãos, rosto e/ou pescoço.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Ah, vá contar piada pros presos

Um condenado senta na cadeira elétrica esperando a execução, mas o aparelho pifa. Eles chamam Paddy (equivalente irlandês ao Manuel), o eletricista, para fazer o conserto. Duas horas depois e ainda sem encontrar o problema, ele fala ao governador: "Essa coisa é uma maldita cilada de morte."
Um irlandês vai trabalhar numa construção. O chefe pergunta: "Sabe fazer chá?" "Sim", diz ele. O chefe então pergunta: "Sabe operar guindaste?" "Por que, qual o tamanho da xícara?"
Essas duas piadas foram publicadas num jornal distribuído em cadeias da Inglaterra e geraram protesto de um grupo de apoio a presos irlandeses no exterior. A matéria sobre o assunto aparece na primeira página do Irish Times de hoje.

As piadas, mesmo em inglês, são fracas. E têm o mesmo tom de piadas que nós brasileiros fazemos dos portugueses. A diferença é que a relação entre irlandeses e ingleses é bem mais tensa.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Não entre em pânico

Eoin Colfer, o autor escolhido para escrever o sexto livro da série O Guia do Mochileiro das Galáxias, foi capa do caderno Magazine, do Irish Times, no sábado passado. Colfer é um escritor irlandês famoso pelo personagem juvenil Artemis Fowl. Ele contou na matéria que a idéia da seqüência partiu do editor da série e teve o consentimento da viúva e da filha de Douglas Adams, o autor original, morto em 2001, aos 49 anos de idade.
(...) Adams havia dito numa entrevista: 'Suspeito que em algum momento no futuro irei escrever o sexto livro... Eu adoraria acabar... num tom ligeiramente mais alegre'.
O sexto livro – And Another Thing... – será lançado neste mês. A história de Arthur Dent, Ford Prefect, Zaphod Beeblebrox e companhia mistura ficção científica e comédia. Começou como série de rádio na BBC em 1978, virou livro em 1979, programa de tevê em 1981 e filme em 2005.
(...) "Eu espero que esse Colfer não arruine completemente a série", disse um fã no site chamado Andar 42 (Floor 42).
(...) Escrever uma seqüência para um livro de outro autor pode ser um negócio arriscado, especialmente quando o original é escrito em um estilo tão singular. Colfer sabiamente decidiu não tentar capturar a voz de Adam. "Sabia que perderia se tentasse", ele diz.
(...) Certamente Colfer sabe que remover uma das duas cabeças de Zaphod é sacrilégio? "Eu sei", ele ri. "Eu ria sozinho quando estava escrevendo essa parte porque eu sabia que eu iria ser morto por isso."
Emprestado do Dorva Rezende, O Guia do Mochileiro das Galáxias foi o último livro que li antes da mudança para Dublin. No ano passado, por coincidência, achei uma edição de bolso do segundo livro,
Um Restaurante no Fim do Universo, no lado de fora do supermercado onde trabalho, sobre o peitoril de uma das janelas.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Álcool, cigarro e qualidade de vida

O Irish Examiner, jornal de Cork (segunda maior cidade da Irlanda), publicou ontem caderno especial de 20 páginas sobre suicídio. Mas não vou falar disso. E sim da pesquisa realizada por um site britânico, que o jornal não informa qual é, na qual a Irlanda aparece como o segundo pior país da Europa em qualidade de vida, à frente apenas, justamente, do Reino Unido. Os três primeiros são, pela ordem, França, Espanha e Dinamarca.

A parte insólita vem a seguir. Entre os fatores levados em conta para determinar o índice de qualidade de vida estão os preços das bebidas alcoólicas e do cigarro. Ou seja, quanto mais altos forem, PIOR a qualidade de vida. Na Irlanda, os preços do álcool e cigarro são os mais caros da Europa.

Ainda segundo a pesquisa, outro fator em que a Irlanda apresenta o pior resultado é o de horas de luz solar por ano. São 1.397 horas contra 2.665 horas na Espanha, a campeã no quesito.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sea The Stars pendura as...

Uma medida de quanto o golfe e as corridas de cavalo são populares na Irlanda é o grande espaço dedicado a esses assuntos nos jornais do país. Muitas vezes maior que o dedicado ao futebol. Ou soccer, como dizem boa parte dos irlandeses. Afinal, para esses, futebol é o gaélico.

Por falar em corridas de cavalo, lembro uma vez a surpresa de um freguês do supermercado por eu não saber que no fim de semana ocorreria um dos mais importantes eventos do calendário...

Já não foi surpresa, portanto, que o anúncio da aposentadoria de Sea The Stars, considerado o melhor cavalo de corrida de sua geração, tenha sido destaque na imprensa irlandesa nesta terça-feira. Sea The Stars perdeu apenas uma (a primeira) das nove corridas que disputou. Foram dois anos de carreira e cerca de 4,8 milhões de euros em prêmios. O valor do animal é estimado em 34 milhões de euros.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Em nosso bairro, algumas velhas paredes persistem


O bairro em que moramos e trabalhamos tem má fama em Dublin. Ele é associado com desemprego, gangues, drogas e vandalismo. Há três semanas, o Irish Times, jornal de tamanho standard, publicou matéria de três quartos de página sobre a vizinhança. O título deste post é baseado no título da matéria. O texto de apoio ao título está logo abaixo. Tirei a primeira foto no bonito dia de outono que fez hoje e as outras duas no cinzento sábado passado.
Enquanto o programa de regeneração perde ritmo devido ao corte de fundos, cerca de 600 famílias ainda vivem em condições de 'terceiro mundo' nos prédios ainda existentes - e embora alguns estão maravilhados com as novas casas, outros reclamam que os velhos problemas sociais estão se agravando.

domingo, 11 de outubro de 2009

A manchete e os dois velhinhos

Na sexta-feira, o Fábio, brasileiro de Santos que vende o Evening Herald num cruzamento perto do meu trabalho, me deu um exemplar do jornal de graça. "Não tá vendendo hoje", reclamou ele. A manchete era uma história da Nova Zelândia sobre a agonia de uma mãe que teve a filha seqüestrada e foi à tevê apelar para que devolvam a criança.

E por que, alguém poderia perguntar, essa triste mas também longínqua história vira manchete no Herald? Porque o pai é um irlandês que deixou o país 18 anos atrás... Acho que nem os jornais regionais do Brasil fariam igual. Ou não?

Outra história no mesmo jornal – sobre um senhor de 81 anos que sofreu uma queda, teve fraturas múltiplas nas costelas e agonizou durante seis dias numa maca até ser propriamente atendido pela equipe do Beaumont Hospital (não muito longe aqui de casa) – me fez lembrar de uma freguesa do supermercado.

Aos 83 anos, ela mora sozinha e tem dezenas de gatos. Toda terça-feira, levo à casa dela cerca de 10 litros de leite e quase cem latas de comida de gato. Um problema na perna a faz caminhar com dificuldade, apoiada em duas bengalas, uma em cada mão. Se cair, não levanta sozinha.

No Natal de 2007, ela caiu e ficou no chão de casa, sem conseguir se mover, por quatro dias. Até que o vizinho voltou de viagem, viu garrafas de leite acumuladas na porta da frente e foi checar se estava tudo bem. "Fiquei dois meses internada até me recuperar", ela me contou, sorrindo.

sábado, 10 de outubro de 2009

Quando a mulher confisca suas roupas para você não beber

Ozzy Osbourne participou hoje pela manhã em Dublin de sessão de autógrafos na livraria Eason para promover a autobiografia I am Ozzy. Aproveitando a ocasião, o Irish Times publicou entrevista com o cantor no suplemento The Ticket, guia cultural que sai às sextas-feiras.
(...) "Todas aquelas pessoas estavam na fila para ver um filme de horror (chamado Black Sabbath). Então pensamos que, se esse pessoal estava pagando para ser assustado, nós poderíamos nos tornar uma assustadora banda de heavy metal e daí eles iriam querer nos ver."
(...) "Eu não quero mais beber. Não estou dizendo que nunca vou beber novamente; apenas que não quero. Você sabe, eu acabei de passar no teste de direção. Eu tinha tentado fazer o teste cinco ou seis vezes, mas nenhum instrutor entrava no carro comigo."
(...) "Ainda faço terapia por causa dessas coisas todas – e ela ajuda. Mas acho que nunca vou servir para dar conselhos. Quando fazemos a Ozzyfest (festival itinerante de heavy metal que Ozzy encabeça) algumas bandas novas me pedem conselhos. Eu ainda me pego dizendo: 'beba antes do show', porque isso era o que eu fazia."
(...) "Quando você é um viciado e sua mulher confisca todas as suas roupas para que você não possa sair de casa e beber, você faz coisas como botar um dos vestidos dela, sair para beber algumas cervejas e então mijar no Alamo."

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Sais de banho na seringa

Nas últimas semanas, um tipo de sais de banho vendido em Dublin vem crescendo em popularidade entre usuários de drogas, que cheiram e, principalmente, injetam o produto, diz o jornal local Northside People. Segundo um grupo de ajuda a dependentes químicos procurado pela reportagem, o produto, conhecido como Snow, pode causar alucinações e comportamento agressivo. Ele é vendido por 30 euros o grama em algumas head shops – lojas que vendem drogas legalizadas, como a salvia, cujo efeito é similar ao da maconha.
(...) um funcionário de uma head shop procurada pelo jornal confirmou que a substância estava à venda no local. Questionado como o produto era vendido e como deveria ser usado, ele disse: 'Nós o vendemos como sais de banho. Seria ilegal eu lhe contar o que se pode ou não fazer com ele, mas se você usar sua imaginação eu tenho certeza que você irá se divertir'".
Segundo o jornal, um porta-voz do Departamento de Saúde confirmou que a droga era legal, mas que a situação está sendo revista. Em 2006, um psicotrópico conhecido como cogumelo mágico, que era vendido em head shops do país, foi banido e tornou-se droga ilegal. O mesmo ocorreu neste ano com outra substância, o BZP, que é considerada similar ao ecstasy.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Atenção, celular do Sarney é...

O ministro da Educação da Irlanda, Batt O'Keeffe, vai ser obrigado a trocar o número do telefone após estudantes bombardearem a caixa de mensagens do seu celular ontem, segundo o Irish Independent. O número foi descoberto por um líder estudantil de Cork (a segunda maior cidade do país) e lido em voz alta durante protesto contra corte em investimentos e aumento de taxa no ensino de terceiro grau.
(...) Quando O'Keeffe respondeu seu celular, tudo que ele pode ouvir foi estudantes gritando "Não às taxas, não a Fianna Fail" (partido que comanda o governo). Ele desligou o celular. Mais tarde, quando o ligou novamente, a caixa estava lotada de mensagens de estudantes.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O custo de se ter bebê

Estando a Karlinha grávida, meu interesse pela matéria de ontem do Irish Times sobre o custo de se ter bebê na Irlanda foi tão natural quanto irlandês botando vinagre na batata-frita. A matéria trouxe informações sobre os diferentes tipos de atendimento a gestante no país.

O exemplo mais caro é o do hospital particular Mount Carmel. Lá, o custo para parto normal, incluindo anestesia e três noites em quarto privado, chega a 6.000 euros (em torno de R$ 16.000). O valor cai para até 2.000 euros dependendo do seguro de saúde que a pessoa tiver.

Nós escolhemos, ao lado da maioria das gestantes do país, o mais barato: o sistema público de saúde irlandês – que já foi o pior da Europa, se recuperou e hoje é melhor do que as pessoas acham, segundo outra matéria do Irish Times, na semana passada. Abaixo, trecho da matéria de ontem, que fica mais ou menos assim em português:
Sendo paciente público, você não terá de pagar nada por seus exames pre-natais, parto e acomodação hospitalar. Entretanto, muitas mulheres que optam pelo serviço público procuram por ultrassom em clínica particular (150 euros, em média), em vez de esperar até 20 semanas pelo primeiro exame, como é o caso em muitos hospitais públicos.