quarta-feira, 5 de maio de 2010

Chet, me dá uma heroína que eu quero dormir

Fosse razoável deveria estar na cama neste momento em vez de reaparecer aqui. Acontece que duas horas atrás parei para dar uma olhadinha na interneti e, apesar do cansaço, o sono sumiu. No domingo foi coisa parecida. Lá pelas quatro da matina vi que o documentário Let's Get Lost, bastante citado na biografia do Chet Baker escrita por James Gavin, estava passando na tevê. Botei para gravar e acompanhei o filme quase todo sem áudio para não acordar meus anjos. Quase no fim liguei o som. Besteira porque daí pus no início e vi tudo de novo. Fui domir perto das sete da manhã.

Bom, tinha lido a biografia, então achei interessante o filme do fotógrafo Bruce Weber. Só não entendi, provavelmente nem era para entender mesmo, o papel da bonitona que aparece a toda hora. Além dela, há entrevistas com Chet, três ex-mulheres suas, filhos, amigos, músicos, imagens de arquivos e sequências doidas gravadas num conversível, numa praia, num bar e durante o Festival de Cannes. O filme e a biografia mostram que Chet é o típico caso ame a obra não o autor.

Trompetista de talento natural, viciado em heroína por 30 anos, grande nome do jazz suave da Costa Oeste (muito bom para embalar neném), banido da Alemanha, Itália e Inglaterra, cantor de voz pequena que influenciou inclusive a música brasileira, estrela de rosto angelical nos anos 50, transfigurado a partir dos 70 por causa do vício (tomou pico até embaixo da unha) e por causa de uma surra até hoje envolta em mistério que lhe custou os dentes e quase a carreira, Chet desapontou a mãe, ignorou os filhos e magoou profundamente as ex-mulheres que concordaram em falar no filme – egoísta, manipulador e mentiroso, elas disseram.

OK, Chet, então qual foi o dia mais feliz da sua vida? "Provavelmente foi quando comprei meu Alfa Romeo SS."

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