Os Estados Unidos são frequentemente acusados de deterioração da língua inglesa. Uma acusação de tal tipo nunca é feita ao seu vizinho latino-americano Brasil, que tem apenas melhorado a língua materna, o português.
Primeiro, a pronúncia. O Brasil deu ao mundo a bossa nova, um melodioso, sensual estilo de música que poderia apenas ter sido inventado numa língua tão melodiosa e sensual quanto. As consoantes são todas suavizadas, soam como ondas quebrando na praia; a entonação é sincopada e sedutora. Já foi dito que o português brasileiro soa como "Sean Connery falando italiano"; isso é verdade, mas apenas quando ele está de sunga.
A cultura brasileira lapidou o português à sua própria imagem, introduzindo informalidade, calor e inclusão que, pelo que eu saiba, não existem em nenhuma outra língua. Todos são conhecidos pelo primeiro nome, até o presidente. Na verdade, ele é conhecido pelo apelido, Lula. Assim como muitos outros brasileiros, tais como Pelé, Robinho e Kaká. Falar português faz você se sentir instantaneamente entre amigos.
O Brasil é um dos maiores cadinhos de cultura do mundo, consistindo principalmente de europeus, africanos e indígenas, além de razoável quantidade de japoneses. O português brasileiro não é caprichoso sobre incluir palavras de outras línguas em seu próprio vocabulário. É uma língua internacional, sem preconceitos. Ainda assim, nenhuma tentativa é feita para se pronunciar corretamente palavras estrangeiras; as regras locais, como a de suavizar as consonantes, sempre prevalecem. Assim, "rush hour" é hora do rush – se pronuncia "hush [silêncio]", o que, penso eu, é particularmente apropriado – e a palavra para billboard é "outdoor", pronunciada ouch-door.
No começo, o português parece difícil, principalmente por causa da pronúncia e entonação inesperadas. Ainda assim, há regras bastante claras que uma vez dominadas tornam a língua não mais difícil de aprender que o espanhol e o francês. Verdade que a gramática e a ortografia são mais complicadas que as francesas ou espanholas (há colunas semanais sobre gramática nos jornais, e novas regras ortográficas foram anunciadas no ano passado), mas a maioria das pessoas comete erros de linguagem e ninguém dá bola. Do que mais gostei ao aprender o português brasileiro é que a língua falada é mais importante que a escrita, em parte porque um grande número de pessoas são efetivamente analfabetas e, sendo assim, prevalece a comunicação oral e a tradição de contar histórias. (Se algo é escrito não significa que seja mais verdadeiro ou confiável, como nós estamos inclinados a pensar na Europa.) O que é verdade e o que não é verdade é bastante fluido.
Mas meu favorito aspecto do português brasileiro, e um importante passo para se tornar fluente, foi compreender o fundamental papel dos sufixos -inho e -ão, que significam 'pequeno' e 'grande'. Nunca deixe de usar esses sufixos. O diminutivo -inho pode indicar amor, intimidade, beleza, irrelevância e afeto, enquanto o aumentativo -ão pode indicar medo, feiúra ou espanto. Um brasileiro de verdade iria achar difícil dizer uma sentença sem incluir um -inho ou um -ão, ou seja, as conversas tendem a ser cheias de paixão e exagero, humor e cor. O país é uma terra de extremos em muitas coisas (em termos geográficos e de riqueza, por exemplo) – e a língua encoraja os habitantes a falar em extremos.
Mais do que requerer extenso vocabulário, o português brasileiro é ricamente idiomático e também versátil graças à criatividade. Acima de tudo, essa é uma língua cuja maior contribuição para o vernáculo internacional é o grito de "goooooooooooool".
Quando a mentira se torna virtude, quem perde é a civilização.
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Hoy en día, hay pocas ganas de analizar las consecuencias de las polítics
que destruyen no sólo la libertad de expresión, sino también la libertad de
con...
Há 4 horas
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